PIRARUCU
Pirarucu (Arapaima gigas) é um dos maiores peixes de água doce fluviais e lacustres do Brasil. Pode atingir três metros e seu peso pode ir até 200 Kg. É um peixe que é encontrado geralmente na bacia Amazônica, mais especificamente nas áreas de várzea, onde as águas são mais calmas. Costuma viver em lagos e rios de águas claras e ligeiramente alcalinas com temperaturas que variam de 24 a 37 °C, não sendo encontrado em zona de fortes correntezas e águas ricas em sedimentos.
Este peixe é um dos maiores de água doce do mundo, e conhecido também como o bacalhau da Amazônia. Seu nome vem de dois termos tupis: pirá, "peixe" e urucum, "vermelho", devido à cor de sua cauda.
CARACTERISTICAS
Esta espécie de peixe possui características biológicas e ecológicas bem distintas: De grande porte, sua cabeça é achatada e ossificada, com um corpo alongado e escamoso. Pode crescer até três metros de comprimento e pesar cerca de 250 kg, possui dois aparelhos respiratórios, as brânquias, para a respiração aquática e a bexiga natatória modificada, especializada para funcionar como pulmão,
no exercício da respiração aérea, obrigatória principalmente durante a
seca, ocasião em que os peixes formam casais, procuram ambientes calmos e
preparam seus ninhos, reproduzindo durante a enchente; é papel do macho proteger a prole por cerca de seis meses. Os filhotes
apresentam hábito gregário, e durante as primeiras semanas de vida,
nadam sempre em torno da cabeça do pai, que os mantém próximos à
superficie, facilitando-lhes o exercício da respiração aérea.
Apesar de ser uma espécie resistente, suas características ecológicas
e biológicas o tornam bastante vulnerável à ação de pescadores. Os
cuidados com os ninhos, após a desova expõe os reprodutores à fácil
captura com redes de pesca ou arpão.
Durante o longo período de cuidados paternais, a necessidade
fisiológica de emergir para respirar ocorre em intervalos menores,
ocasião em que os peixes são pescados. O abate dos machos nestas
circunstâncias e também a longa fase de imaturidade sexual dos filhotes,
conhecidos como "bodecos" onde seu peso varia entre 30 e 40 quilos,
propicia a captura destes por predadores naturais como as piranhas, fazendo assim com que o sucesso reprodutivo da espécie seja diminuído.
O Pirarucu não apresenta dimorfismo sexual externo, salvo quando em
época de reprodução, que apresenta diferenças nas colorações de suas
escamas.
MITOLOGIA INDIGENA
Pirarucu era um índio que pertencia a tribo dos uaiás, que habitava as planícies do Sudoeste da Amazônia.
Ele era um bravo guerreiro, mas tinha um coração perverso, mesmo sendo
filho de Pindarô, um homem de bom coração e também chefe da tribo.
Pirarucu era cheio de vaidades, egoísmo e excessivamente orgulhoso de
seu poder. Um dia, enquanto seu pai fazia uma visita amigável a tribos
vizinhas, Pirarucu se aproveitou da ocasião para tomar como refém índios
da aldeia e executá-los sem nenhum motivo. Pirarucu também adorava
criticar os deuses.
Tupã,
o deus dos deuses, observou Pirarucu por um longo tempo, até que
cansado daquele comportamento decidiu punir Pirarucu. Tupã chamou Polo e ordenou que ele espalhase seu mais poderoso relâmpago na área inteira. Ele também chamou Iururaruaçu, a deusa das torrentes,
e ordenou que ela provocasse as mais fortes torrentes de chuva sobre
Pirarucu, que estava pescando com outros índios as margens do rio Tocantins, não muito longe da aldeia.
O fogo de Tupã foi visto por toda a floresta. Quando Pirarucu
percebeu as ondas furiosas do rio e ouviu a voz enraivecida de Tupã, ele
somente as ignorou com uma risada e palavras de desprezo. Então Tupã
enviou Chandoré, o demônio que odeia os homens, para atirar relâmpagos e trovões
sobre Pirarucu, enchendo o ar de luz. Pirarucu tentou escapar, mas
enquanto ele corria por entre os galhos das árvores, um relâmpago
fulminante enviado por Chandoré, acertou o coração do guerreiro que
mesmo assim ainda se recusou a pedir perdão.
Todos aqueles que se encontravam com Pirarucu correram para a selva
terrivelmente assustados, enquanto o corpo de Pirarucu, ainda vivo, foi
levado para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um gigante
e escuro peixe. Pirarucu desapareceu nas águas e nunca mais retornou,
mas por um longo tempo foi o terror da região.